MUNDOS POSSÍVEIS E ETERNO
RETORNO
A noção de mundos
possíveis pode se dividir em três concepções iniciais de acordo com Plantinga;
modos pelos quais as coisas poderiam ser, modos pelos quais o mundo poderia
ser, e possíveis estados de coisas.
Porém estas subdivisões não podem ser consideradas de forma arbitrária, a
necessidade lógica emite condições definidas que estão ligadas a possibilidades
físicas e metafísicas para considerar a possibilidade de configuração de um
mundo possível logicamente aceitável, de acordo com as próprias leis da lógica,
a nível de exemplo não poderíamos dizer que; João descobriu a “quadratura” de
um círculo pois é logicamente impossível considerar esta possibilidade em
qualquer mundo possível logicamente falando.
Tentaremos aqui
neste artigo de forma a não esgotar as possibilidades existentes do tema de
forma sucinta ( até mesmo por ser improvável para mim) verificar a
possibilidade ou impossibilidade de enquadrar um questionamento que adentre as noções
da relação ontológica e da correspondência destas mesmas com as ideias mais
básicas da lógica, como por exemplo a de não comprometimento ontológico, tentaremos
aqui ainda aqui pretensiosamente ver como um recorte da filosofia nietzschiana
que seria totalmente contraria a um tipo de cristalização do pensamento humano,
em se tratando de criação de conceitos logicamente racionais, superiores, fixos
e supostamente mais adequados para descrever o mundo presente ou os “mundos
possíveis” ( me refiro ao período mais maduro dos escritos de Nietzsche) pode
sim, mesmo que involuntariamente colaborar para uma expansão da percepção
destas noções lógicas a partir de um sub
conceito da sua reflexão acerca do eterno retorno diante de um de seus
fragmentos póstumos onde surge a noção
de situação global que se assemelha a
noção de mundos possíveis.
Em “Textos de
1881” em um de seus fragmentos póstumos Nietzsche tenta justificar a
plausibilidade de sua tese do eterno retorno atacando a interpretação da
possibilidade de infinidade do mundo presente em vista de uma situação global
por vir(uma interpretação de mundo possível) no qual haveria uma imensurável
quantidade de combinações possíveis a partir da materialidade (imanência)
entendendo que a materialidade é esgotável e modificável (devir), porém aquilo
que possibilita o exercer das combinações materiais que seria o tempo e as
forças que se exercem sobre essa materialidade sempre estiveram aí, o que traz uma
possibilidade interpretativa de que aquilo que consideramos mundos possíveis
dentro de uma concepção ligada a noções físicas (para Nietzsche físicas ou
materiais, apesar de ser questionável do ponto de vista cosmológico da
interpretação da filosofia nietzscheana) esta permeada por uma série de
combinações delimitadas materialmente, ou seja para Nietzsche em duas situações
globais diferentes é impossível encontrar dois sujeitos iguais ou que sejam ao mesmo tempo na mesma situação
global iguais, partindo do pressuposto que a ordem material das coisas no mundo
é limitada e se reagrupam de maneira infinita devido a estarem impulsionadas
por forças ( vontade de potência) e pelo tempo que é infinito ( perspectiva
influenciada pelos estoicos). Dito isto, a materialidade limitada em
determinada condição de situação global possível e necessária para Nietzsche impulsiona
a necessidade que também determinada estas combinações, então jamais em uma
mesma situação global poderia haver dois sujeitos ou duas matérias iguais pois
em cada condição global cada um destes anteriormente citados só poderia ser
igual a si devido a sua limitação material e condição de mundo possível.
Então a noção
de mundos possíveis entraria em um comparativo numa concordância com às regras
da lógica, de como as coisas são ou podem ser. Ou seja quer dizer que esse tipo
de linguagem (mesmo a distância e discordância das concepções de verdade e
linguagem em Nietzsche sendo evidentes) visa abarcar tudo que é logicamente
possível incluindo tudo que realmente há. Deste modo tentando compreender tudo
que seja logicamente possível dentro de uma percepção de mundo, mesmo em
Nietzsche anti-lógico por natureza. Então o que seria logicamente possível? Voltemos ao básico, a possibilidade lógica
seria tudo aquilo que não é uma contradição lógica básica, como a proposição
P¬P é uma contradição lógica. Para tornar mais clara essa sentença basta
substituir P por A grama é verde: Assim, P¬P A grama é e não é verde. Só que na
noção de situação global em duas noções de mundos possíveis ou duas situações
globais que estiverem propensas a assumir noções de igualdade de identidade de
um mesmo indivíduo sendo igual a ele mesmo seria um equívoco pois para ser
igual a ele mesmo seria necessária estar dentro do mesmo mundo possível e isso
só seria possível dentro de cada situação global. Então para algo ser igual a
si mesmo é imprescindível que esse algo esteja organizado em uma mesma noção
global ou mundo possível, seja no passado presente ou futuro com uma possibilidade
de organização de estados de coisas ou de modos de como o mundo poderia ser,
pressupondo uma determinada “essencialidade” destas coisas particulares
delegada a cada mundo possível como conceito fundamental de identidade para
aquela realidade lógica pressuposta.
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