sábado, 2 de fevereiro de 2019

LÓGICA MODAL, MUNDOS POSSÍVEIS E ETERNO RETORNO


MUNDOS POSSÍVEIS E ETERNO RETORNO

A noção de mundos possíveis pode se dividir em três concepções iniciais de acordo com Plantinga; modos pelos quais as coisas poderiam ser, modos pelos quais o mundo poderia ser, e possíveis estados de coisas.  Porém estas subdivisões não podem ser consideradas de forma arbitrária, a necessidade lógica emite condições definidas que estão ligadas a possibilidades físicas e metafísicas para considerar a possibilidade de configuração de um mundo possível logicamente aceitável, de acordo com as próprias leis da lógica, a nível de exemplo não poderíamos dizer que; João descobriu a “quadratura” de um círculo pois é logicamente impossível considerar esta possibilidade em qualquer mundo possível logicamente falando.
Tentaremos aqui neste artigo de forma a não esgotar as possibilidades existentes do tema de forma sucinta ( até mesmo por ser improvável para mim) verificar a possibilidade ou impossibilidade de enquadrar um questionamento que adentre as noções da relação ontológica e da correspondência destas mesmas com as ideias mais básicas da lógica, como por exemplo a de não comprometimento ontológico, tentaremos aqui ainda aqui pretensiosamente ver como um recorte da filosofia nietzschiana que seria totalmente contraria a um tipo de cristalização do pensamento humano, em se tratando de criação de conceitos logicamente racionais, superiores, fixos e supostamente mais adequados para descrever o mundo presente ou os “mundos possíveis” ( me refiro ao período mais maduro dos escritos de Nietzsche) pode sim, mesmo que involuntariamente colaborar para uma expansão da percepção destas noções lógicas a partir  de um sub conceito da sua reflexão acerca do eterno retorno diante de um de seus fragmentos póstumos onde surge  a noção de situação global que se assemelha  a noção de mundos possíveis.
Em “Textos de 1881” em um de seus fragmentos póstumos Nietzsche tenta justificar a plausibilidade de sua tese do eterno retorno atacando a interpretação da possibilidade de infinidade do mundo presente em vista de uma situação global por vir(uma interpretação de mundo possível) no qual haveria uma imensurável quantidade de combinações possíveis a partir da materialidade (imanência) entendendo que a materialidade é esgotável e modificável (devir), porém aquilo que possibilita o exercer das combinações materiais que seria o tempo e as forças que se exercem sobre essa materialidade  sempre estiveram aí, o que traz uma possibilidade interpretativa de que aquilo que consideramos mundos possíveis dentro de uma concepção ligada a noções físicas (para Nietzsche físicas ou materiais, apesar de ser questionável do ponto de vista cosmológico da interpretação da filosofia nietzscheana) esta permeada por uma série de combinações delimitadas materialmente, ou seja para Nietzsche em duas situações globais diferentes é impossível encontrar dois sujeitos iguais ou  que sejam ao mesmo tempo na mesma situação global iguais, partindo do pressuposto que a ordem material das coisas no mundo é limitada e se reagrupam de maneira infinita devido a estarem impulsionadas por forças ( vontade de potência) e pelo tempo que é infinito ( perspectiva influenciada pelos estoicos). Dito isto, a materialidade limitada em determinada condição de situação global possível e necessária para Nietzsche impulsiona a necessidade que também determinada estas combinações, então jamais em uma mesma situação global poderia haver dois sujeitos ou duas matérias iguais pois em cada condição global cada um destes anteriormente citados só poderia ser igual a si devido a sua limitação material e condição de mundo possível.
Então a noção de mundos possíveis entraria em um comparativo numa concordância com às regras da lógica, de como as coisas são ou podem ser. Ou seja quer dizer que esse tipo de linguagem (mesmo a distância e discordância das concepções de verdade e linguagem em Nietzsche sendo evidentes) visa abarcar tudo que é logicamente possível incluindo tudo que realmente há. Deste modo tentando compreender tudo que seja logicamente possível dentro de uma percepção de mundo, mesmo em Nietzsche anti-lógico por natureza. Então o que seria logicamente possível?  Voltemos ao básico, a possibilidade lógica seria tudo aquilo que não é uma contradição lógica básica, como a proposição P¬P é uma contradição lógica. Para tornar mais clara essa sentença basta substituir P por A grama é verde: Assim, P¬P A grama é e não é verde. Só que na noção de situação global em duas noções de mundos possíveis ou duas situações globais que estiverem propensas a assumir noções de igualdade de identidade de um mesmo indivíduo sendo igual a ele mesmo seria um equívoco pois para ser igual a ele mesmo seria necessária estar dentro do mesmo mundo possível e isso só seria possível dentro de cada situação global. Então para algo ser igual a si mesmo é imprescindível que esse algo esteja organizado em uma mesma noção global ou mundo possível, seja no passado presente ou futuro com uma possibilidade de organização de estados de coisas ou de modos de como o mundo poderia ser, pressupondo uma determinada “essencialidade” destas coisas particulares delegada a cada mundo possível como conceito fundamental de identidade para aquela realidade lógica pressuposta.

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